SÓ OS LOUCOS CONTAM ESTRELAS
Não sou e nem nunca fui perfeita, mas pelo menos não fico ameaçando o tempo todo, nem ele mesmo
aceitaria este tipo
de comportamento se viesse de mim. Por que faz comigo
o que detesta que
façam com ele? Se preciso fazer tarefas domésticas para usufruir da presença dele então é melhor que eu vá sozinha. É largo o caminho das distâncias
e o percorrido fica gravado na CPU da mente, mas a gente só acessa se quiser. E todos
os sacrifícios que faço para o bem de todos? Não valem de nada? Esperar reconhecimento
não é tarefa das mais agradáveis. Luzia chega esta manhã e a casa nem arrumada está, ele disse.
Eu nada falei, pois arrumado está o meu coração que
a-cor-dou louco de saudade
dos passeios no Centro
da cidade às altas da noite. Podemos contar as estrelas, perguntei. Ele
respondeu que só os loucos contam estrelas
e que eu
fizesse o mais rápido possível a lista do supermercado.
Não fiz. Preferi desfiar palavras a gosto do tempo.
Antes de ouvir
que eu
não prestava pra nada decidi trancar os olhos a boca a língua e tudo o mais. Luzia chegaria esta manhã e eu, como a poesia, poderia prestar só para o lixo, mas mesmo assim catarei teimosa
as fagulhas da lua.
Exatamente assim, como os loucos
e fétidos fazem.
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