Ele tinha um lugar especial para guardá-las.
Ninguém mexia. Escondido. Era seu esconderijo secreto.. Às vezes escolhia as
mais bonitas e coloridas para serem levadas a passeio. Desvendava-lhes os
códigos e aparava as arestas. E tchau, não olhava mais para a cara delas. Fim.
As guardadas também não procurava muito. Elas lhe faziam mal. Era melhor
passear com os filhos no parque. Elas não ligavam mais, pois não tinha mais
telefone. Aparelho inoportuno! A mulher achou esquisita aquela decisão, mas
respeitou. Ele só não contava que dentre os achados e perdidos as tais fossem
resgatadas logo por quem. Abriu a porta quando marido não estava em casa
e finalmente as encontrou. Estavam todas lá, imóveis. A maioria branca porque
nas coloridas ele já tinha dado fim. Ela
não acreditou. Fez as malas e colocou na porta. Assim já era demais. Escondê-las
todas, assim, sem piedade? Qualquer mulher jamais perdoaria! Imaginou que a
sogra era cúmplice. Como só ela não pôde perceber? Levou-as para fora. Sem dó
lhes banhou a álcool e ateou fogo. Só restaram cinzas. De algumas ela ainda
ousou fitar-lhe as bordas e encontrou a data de vencimento: dezembro do ano
passado. Era o fim da picada.
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