Escrever um livro é
como gerar um filho. Primeiro a gente deseja, espera, anuncia. Só depois gesta.
E este construir dentro da gente não é nada fácil. É uma tarefa sofrida deixar
brotar de dentro de nós a palavra dura e ficar acrescentando água até ela ficar
molenga e instalar-se inteira, tomando a forma de letra na página branca.
Ninguém disse que seria fácil. Inclui apagar, revisar, dar para o colega ler, digitar,
ajeitar na folha, ler em voz alta pra testar o som da palavra, e depois voltar,
apagar de novo, e voltar, ler de novo... E depois desta luta de vir a ser, os
textos se colam um no outro feito luva na mão e tomam a unidade de obra. Mas
após assumir a ideia de ser livro ele precisa se fazer objeto concreto na mão
do leitor. E aí travamos uma outra luta. Arrecadar dinheiro, fazer a capa,
negociar com a editora, discutir prazos e preços. É a parte prática de ser
livro. Mas no final disso tudo... Ele se encontra ali, na nossa mão, enquanto
folha nova que brota da árvore... É um momento mágico. Como aquele em que a mãe
fita pela primeira vez o seu rebento e não consegue segurar a emoção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário